Há quase um ano comecei a jogar tênis, e a prática desse esporte vem contribuindo para lidar melhor com algumas situações. No tênis, qualquer erro cometido deve ser esquecido imediatamente, o jogo não te permite lamentar um equívoco. Você deve ser estar concentrado no próximo ponto, e no próximo….é ele que pode fazer toda diferença, para esse esporte vale o clichê ´´o que já foi não volta mais´´. Caso você não consiga superar uma falha, o braço endurece, e um dos requisitos básicos do jogo que é ´´olhar para a bolinha´´ ao executar a técnica não é realizado…….o olhar fica no horizonte, e a bolinha nas alturas, isso quando ela não pega no cabo da raquete!
Situação essa que é vivida em outros esportes, seja como atleta, seja como treinador. Em relação a esse último estamos tomando decisões a todo momento, antes da partida, durante a partida e nas infinitas noites sem dormir após elas. Pensamos na estratégia a utilizar, nas substituições a fazer, etc. E fazemos essas escolhas baseados nos treinos, videos, números que nos mostram as probabilidades de nossas ações darem certo (estamos lindando com estatísticas o tempo todo durante o jogo), mas mesmo respaldados por várias coisas essas decisões podem não dar resultado (lembram que os esportes coletivos são imprevisiveis) e se crucificar e remoer os erros pode ser fatal para a próxima ação sua ou do seu atleta.
Refletindo sobre essas questões do tênis que a todo momento transfiro para a realidade vivida pelos treinadores, venho me interessando pela modalidade cada vez mais e comecei a ler sobre ela. Além dos livros que explicam a técnica, me interessei pelas grandes personalidades e li algumas biografias, dentre elas: ´´RAFA – a minha história´´, livro que conta a trajetória do tenista Rafael Nadal e ´´AGASSI – autobiografia´´, do já aposentado tenista André Agassi. E algumas coisas desses dois que fizeram história no tênis são no mínimo intrigantes.
É indiscutível que ambos foram jogadores vitoriosos, batendo recordes em número de Grande Slams vencidos. Mas enquanto Nadal em toda sua carreira teve o ´´apoio familiar´´ (requisito fundamental descrito na literatura no processo de ´´expertise´´), Agassi sofreu com a pressão e personalidade do pai.
A estrutura familiar que Rafael afirma ser o seu grande diferencial, sendo que seu ´´Tio Tony´´ é seu treinador até hoje e foi quem o treinou durante toda a vida, não é vista na trajetória de Agassi, que na infância e adolescência teve várias brigas com o pai e com o irmão, que também jogou tênis um tempo (irmão esse que depois se tornou um grande amigo, porém a relação com o pai só piorou no decorrer dos anos).
O ´´Porto seguro´´ de Nadal, foi na verdade o descompasso de Agassi, que se revelou rebelde durante algum tempo, muito em virtude do seu pai transferir toda a frustação que teve no esporte para uma criança, que desde pequeno cresceu escutando que teria que ser o número 1 do mundo. E não é que foi!!!!!
Outro item, que sabe-se ser fundamental na consolidação de um ´´expert´´ é a ´´prática deliberada´´. Prática essa que consiste em atividades estruturadas que objetivam a contínua evolução do desempenho, ou seja um processo de treino planejado e organizado por um mentor (Samulsky, 2002).
E ambos tiveram???
Pode-se dizer que sim, mas enquanto André considerava que o seu maior inimigo era a máquina que cuspia bolas de tênis que seu pai criou, Rafael amava treinar, e por algum tempo até futebol jogou, diversificou!
Nadal experimentou, praticou outros esportes, não se especializou precocemente, enquanto Agassi não fez outra coisa, o que acabou fazendo com que odiasse o que o tornou famoso e rico.
Agassi não seguiu a lógica, a relação humanista que o mentor tem com seu pupilo na preparação e no estabelecimento das metas não aparece na sua carreira. O que se vê é sua ´´briga mental´´ em tentar realmente se compreender enquanto indivíduo, e depois como tenista. André Agassi, mesmo perturbado pela sua infância traumática, conseguiu suportar toda pressão e para susto ou orgulho do seu pai foi durante um bom tempo um numero 1 do mundo.
Nadal, em contrapartida, é o exemplo a ser seguido, teve em todo os momentos tudo que um alteta com potencial precisa para ser tornar um ´´expert´´, e mesmo não sendo tecnicamente nem próximo dos melhores, possui ainda sim um algo a mais, que é demonstrado nos choros nos vestiários após suas derrotas, na sua atuação aos 17 anos representando a Espanha na Copa Davis, ganhando de RODDICK e nas bolas ´´perdidas´´ que alcança!
Apesar de histórias muito diferentes possuem algo em comum, acredito que ambos não teriam alcançado o nível que estão se não tivessem rivais que forçassem a evoluir sempre. Agassi fez confrontos históricos contra ´´Pete Sampras´´ e mais recente Nadal decidiu inúmeros títulos contra ´´Roger Federer´´
Analisando a trajetória dos dois, fica dificil avalia-los isoladamente, decidir qual foi o melhor….
Não é mesmo???!!!!
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