O futebol (Esportes Coletivos) é demasiado jogo para ser ciência, mas é demasiado científico para ser só jogo. (Vitor Frade)
Quem sou eu

- Ziquinho (Frederico Falconi)
- Treinador de Futsal/Futebol - Coordenador Técnico Iniciação - Clube Atlético Mineiro - Graduado em Educação Física - UFMG, Especialista em Futsal e MBA em Gestão de Pessoas
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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Agassi x Nadal
domingo, 15 de janeiro de 2012
Futebol de rua, a ´´nova´´ forma de se ensinar o jogo
´´ A bola não tem material nem tamanho certo; na sua ausência procura-se algo que se lhe assemelhe. Sem coletes, caneleiras e muitas vezes descalços, nada os impede de jogar. Os campos, esses não são difíceis de delimitar, bastando quatro pedras para assinalar as balizas. O terreno é deveras irregular, nada que incomode, beneficiando até os melhores. As regras são estabelecidas no momento e face ás circunstâncias, não há horas nem número de jogadores para iniciar o jogo e muito menos para terminar, a noite cai mas nada os demove, pois o prazer pelo jogo é mais forte que tudo o resto.´´ (Garganta & Fonseca, 2006).
A passagem acima ilustra bem como antigamente, a maioria dos jogadores profissionais se formavam no futebol. A ´´rua´´ foi palco de vários artistas que surgiram para o ´´mundo da bola´´. Antigamente??? Sim, é claro e notório que com o crescimento e desenvolvimento das grandes cidades por inúmeros motivos (entre eles a violência) essa prática foi desaparecendo ao longo do tempo, e com ela a melhor escola para se aprender a ´´jogar´´ (englobando toda complexidade desse conceito).
Como nessa passagem que Jorge Valdano (2002) afirma: ´´A tecnologia de ponta do Futebol é a rua e a miséria. Numa partida improvisada de imediato alguém inventa algo. No meio desse combate de pés descalços, um jogador que possa não ser muito alto, nem muito forte, nem muito rápido, soluciona um problema de forma original. Com uma recepção e um toque três adversários são ultrapassados. O jogador não usa o catálogo de soluções conhecidas, cria.´´
Então para se jogar futebol, tem que ser pobre??? De forma alguma, porém os menos favorecidos são os que experimentam mais, são eles que frequentemente jogam descalços, em campos irregulares e com bolas de meia o que é fundamental para o processo de aprendizagem do jogo, pois tudo isso aumenta a variabilidade das ações, condicionando a se adaptar o tempo todo, o que gera padrões flexíveis de movimento. Tudo isso fundamental para a formação de um JOGADOR.
´´Conduzir a bola descalço, sem torcer o pé num daqueles buracos , já seria uma façanha. Driblar perto da ribanceira sem deixar a bola escorrer por ela, a façanha ainda era maior. Garrincha praticava as duas proezas com a maior das facilidades. No primeiro caso, porque de tanto ´´topar´´ com os buracos, aprendera a dribá-los junto com o adversário; no segundo, porque detestava ter de descer a pirambeira para ir buscar a bola – onde tentava não perde-la.´´ (Castro, 1995)
Os com poder aquisitivo mais alto jogam também, mas ou no ´´vídeo game´´ ou então pagam para ´´driblar cones´´.
Aí aparece a grande importância das ´´escolas de futebol´´, e essa importância não está em colocar os ´´futuros campeões´´ para driblar adversários estáticos, mas sim em reproduzir aquela realidade da ´´rua´´ que infelizmente não conseguimos mais ver a nossa volta.
Reproduzir aqui seria, criar contextos semelhantes, mas mantendo o ´´coração e alma do jogo´´.
A tarefa de quem assume a responsabilidade de ensinar é muito difícil, pois primeiro busca-se a essência do ensino, que nessa realidade era o que rua proporcionava, e depois tenta-se reproduzi-la numa outra realidade, a aula, na qual o muro que se faziam infinitas tabelas, passa a ser coringas nas laterais, que as traves que era tijolos ou pedras passam a ser ´´discos´´ que delimitam o mesmo espaço, e as regras que geravam discussões e brigas, são combinadas e construídas juntas. E a quantidade de prática que hoje são duas horas semanais, eram oito diárias. Na verdade não é tão difícil assim, é preciso só um algo mais....
Esse algo a mais irá fazer com que o aluno tome goste por aquilo, se divirta, ai a quantidade de horas praticadas não será um problema...
As passagens foram tiradas do livro: ´´ Futebo de rua – um beco com saída´´
(Fonseca & Garganta, 2006)
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Modelo de jogo, um bom começo para a temporada
´´ O êxito no futebol tem mil receitas. O treinador deve crer numa, e com ela seduzir os seus jogadores.´´ (Valdano,1998)
A frase acima não deixa dúvida, no esporte não existe verdade absoluta, acredito que não seja só no esporte, mas aqui é o que nos interessa. Há muito venho editando e analisando vários jogos de futsal das principais competições nacionais, buscando entender a ´´essência´´ de cada equipe, na verdade não só das ações dos jogadores, mas do que está por trás disso. E o que está por trás disso???
O que o treinador acredita! (Na verdade não edito a Equipe, e sim o Treinador)
Essa foi a resposta mais rápida que passou pela minha cabeça. Se a concepção de ´´treinar´´ é condicionar comportamentos, nada mais certo que se um treinador acreditar em algo, ele irá condicionar seus atletas a agirem daquela forma. (assunto abordado no ´´post – Treinando princípios e não exercícios´´).
E inevitalmente, o treinador tendo ou não consciência disso, ele tem um ´´Modelo de jogo´´. Segundo Moigne (1990), se se pretende dar forma a um fenômeno complexo, deve-se modela-ló . O mesmo autor afirma que um modelo serve para tornar inteligível e entendível algo que é complexo, e nada como a complexidade dos jogos esportivos coletivos para despertarem a necessidade de elaboração de um modelo. Ou seja, o treinador tem um conjunto de idéias relativas ao jogar que pretende, e isso irá orientar todo processo de treino.
Levando isso em consideração, o modelo de jogo é imprescindível na construção de uma equipe, uma vez que ele orientará tudo. Além disso, será um ´´guia´´, um referencial, principalmente nos momentos que os resultados não aparecerem e que a pressão por todos os lados aumentar. Ele permitirá que a comunicação motriz dos jogadores esteja sem ´´ruído´´ algum, mesmo no momentos mais difíceis.
´´Formar uma equipe é como criar um estilo, uma atmosfera. Trata-se, acima de tudo, de dar alma a um conjunto de onze futebolistas.´´
(Lobo, 2003)
Mas, essa idéia comum de jogo deve ser embasada por Princípios, e esses devem ter sustentação de sub-princípios que não surgirão da noite para o dia.Para se ter um ataque consistente, uma defesa que desarma e um contra-ataque eficiente será preciso experimentar, tentar, errar, estudar….
E com o tempo você vai acreditando no que você está fazendo, e seus jogadores começam a acreditar em você, até o ponto que eles acham que foram eles os criadores de tudo!
Caso isso aconteça, perfeito!!!! É sinal que realmente eles estão bem treinados naquilo que você delimitou como seu ´´modelo de jogo´´.
Na verdade, todo esse processo é construído em conjunto, pois lembre-se que seus princípios devem ser ESPECÍFICOS ao perfil de jogadores daquela temporada.
´´Não adotamos um modelo de jogo, nós criamos um modelo de jogo.
(Oliveira, 2004)
Além de serem específicos ao perfil de jogadores, também devem ser específicos a ´´cultura´´ do clube e a estrutura do clube. Não adiantará você ter uma equipe com pouca qualidade técnica e querer ter um ataque consistente, a definição do modelo envolve também o conhecimento do treinador para tomar decisões naquele momento e também o conhecimento da modalidade.
Mas, cuidado!!! Será que a criação de um modelo de jogo não tornará
sua equipe previsível???
No treino tem que existir espaço para a individualidade, para a inovação (situações muitas vezes difíceis para os treinadores perfeccionistas como eu , que desejam controlar tudo!!!), pois são elas que desequilibrarão uma partida.
Caso contrário uma edição de vídeo numa preleção antes do jogo pode interferir no resultado….
´´O futebol é uma combinação de organização coletiva, mas de exaltação da capacidade individual.´´
(Valdano, 1998)
Citações foram tiradas do estudo:
(Batista, 2006) Organização defensiva: Congruência entre os princípios, sub-princípios e sub-sub-princípios de jogos definidos pelo treinador e sua operacionalização. Monografia de licenciatura em Desporto e Educação física, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.