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Treinador de Futsal/Futebol - Coordenador Técnico Iniciação - Clube Atlético Mineiro - Graduado em Educação Física - UFMG, Especialista em Futsal e MBA em Gestão de Pessoas

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Excelência em Esportes Coletivos: Idéias e Questionamentos

 

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Edson Medeiros Filho, PhD.

 

Excelência em grupo não é fácil… Basta dizer que times repletos de estrela não são (e talvez “nunca serão”! ) garantia de vitória. E como diz o adágio por lá: “an expert team is not ‘necessarily’ a team of experts”. Logo, eu pergunto a vocês treinadores e líderes diversos: O que é mesmo liderança? Como você promove coesão de grupo? Você já ouviou falar de “shared mental models”? E como desenvolver eficácia coletiva (confiança de grupo)? Pensar e pesquisar respostas a estas perguntas pode auxiliá-lo(a) no desenvolvimento do seu grupo de atletas. Em poucas palavras, coesão de grupo gira em torno de união à uma tarefa e appreciação social mútua. Compartilhar responsabilidade com os seus liderados e prevenir “panelas” ajuda, e muito, na coesão de grupo. Shared mental models é “o tal” entrosamento que gera respostas rápidas, heurísticas... “on the fly”! Recursos tecnológicos e estímulo à comunicação (verbal e não-verbal) ajuda seus atletas a entenderem, “lerem a mente” um dos outros no campo de jogo. E confiança vem (principalmente) de sucesso; aka metas conquistadas. Por falar nisto, o que você sabe sobre estabelecimento de metas? Ok, elas devem ser de curto, médio e longo prazo… e além? Deixo mais interrogações que pontos finais mas repito, e agora explicito, a dica: excelência de grupo parece estar associada com coesão, shared mental models, e desenvolvimento de eficácia coletiva. Sugiro ler mais sobre estes três topicos (google it?!) e o meu contato segue aí embaixo… Merci!

 

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Brief Biographic Sketch – Edson Medeiros Filho, PhD.

Portuguese

Edson Medeiros Filho possui graduação em Educação Física pela Universidade Federal de Minas Gerais (2005), mestrado em Ciências do Esporte pela Universidade Federal de Minas Gerais (2007) e doutorado em Sport & Exercise Psychology pela Florida State University (2012). Atualmente cursa pós-doutorado em Psychophysiology & Neuroscience no Behavioral Imaging and Neurodynamics Center (BIND) Center (University Chieti-Pescara (Itália) aonde analisa a performance de pilotos de elite de uma prominente escuderia de Formula-1. Dr. Medeiros Filho e autor e co-autor de vários artigos sobre Coaching, Expertise, e Measurement in Health & Social Sciences. Ademais, consultor certificado pela Association for Applied Sport Psychology, Dr. Medeiros Filho possui ampla expriência como “performance enhancement specialist” de atletas e artistas de elite. Curriculum Vitae - Lates, CNPq.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Ataque x Defesa ou seria Defesa x Ataque

 

Nos últimos tempos, as formas de defender no futsal não mudaram muito, diferentemente do ataque que a cada ano aparece com algum princípio novo que gera dúvida para os defensores (seja movimentos de ataque, de goleiro-linha ou bolas paradas).

Inicia-se um período no qual as defesas devem buscar outras possibilidades para neutralizar esses artifícios ofensivos, pois  não é assim que algo complexo como o futsal evolui???

Bem, não se assuste ao ler os dois parágrafos acima, é óbvio que a medida que surgem novas coisas, tende-se a surgir novas soluções…..

Mas e ai? Onde estão elas?

Se pararmos para pensar há algum tempo, a grande novidade era defender zona, princípios que vieram de outros esportes como o basquetebol e que foram organizados de forma sistemática pelos espanhóis e por grandes treinadores brasileiros como Paulinho Cardoso com sua ´´indução´´  e Ferretti com seu ´´quadrante´´. Essas defesas tem suas qualidades e se diferenciam, principalmente, na atuação da primeira linha, e na ocupação dos jogadores na quadra em função da bola.

Os sistemas de ataques começaram a se preocupar com essa novidades e se preparam para enfrentar determinadas situações que em função da defesa apareceriam. As equipes com alta qualidade técnica conseguiam com sucesso, e às vezes, até mesmo sem uma estratégia organizada ´´quebrar´´ esse tipo de defesa, outras equipes sabiam até mesmo como fazer, mas tecnicamente não eram competentes para obter êxito.

Os anos foram passando e hoje percebe-se que a maioria das equipes voltaram a marcar de forma individual, e muitas delas completamente individual, ´´olhando no olho´´ do adversário.

Mas será que estamos regredindo? O jogo vem perdendo complexidade?

Essas perguntas não são tão simples de responder, porém é certo que marcar zona requer muito mais dos processos cognitivos, exigindo estar mais concentrado, comunicar mais. E que a forma que deve-se escolher para marcar não se leva em consideração a plasticidade, ou qualquer outro fator, mas a eficiência em não tomar os gols, desarmar e contra-atacar…..

E nos dias de hoje, as equipes vem cada vez mais voltando a defender individual, com poucas trocas, onde o jogo do 1x1 é fundamental para o desarme (não que não seja em outras formas de defesa)

Você deve estar pensando agora, isso tudo é muito complexo para minha realidade…

De forma alguma, compreender as formas de defender e conseguir adapta-las em exercícios é seu papel enquanto treinador…

Há pouco tempo fui convencido que no processo de formação o atleta deve experimentar as duas formas, obviamente começar individual, mas ainda nos seus 14, 15 anos saber como defender zona. Dessa forma, toda exigência desse tipo de marcação contribuirá para a evolução do atleta que terá mesmo jovem que  comunicar mais, liderar, cobrir, retornar e compreender que uma falha individual tem consequências graves para o coletivo.

Como tudo na vida, basta um desequilíbrio para se buscar novamente ao equilíbrio, os sistemas dinâmicos que nos cercam funcionam dessa forma. Espera-se que se criem novos sistemas, novas ideias que surpreendam a todos, para que os estrategistas comecem a pensar e refletir em como neutralizar a novidade eficiente (criar por criar não vale de nada)…..

domingo, 6 de maio de 2012

A consciêcia do inconsciente – O treinador dentro de quadra!!!

 

 

Segundo Damásio (2000), muitos dos comportamentos que manifestamos, assim como os pensamentos que nossas mentes elaboram são resultados de numerosos processos dos quais não estamos Cientes.

Esse mesmo autor afirma que o conhecimento adquirido através do condicionamento permanece fora da consciência e só se expressa de maneira indireta, ou seja, quando se executa uma tarefa. Exemplo disso é quando um atleta é perguntado como realizou tal ação e não consegue verbalizar, simplesmente diz: ´´peguei a bola e fiz´´.

Mas o que isso quer dizer?

Que aquela ação do atleta foi sem pensar!!!

Mas como assim? O jogo não é pensado? Então quer dizer que o que ele fez foi uma bobagem?

De forma alguma, ele simplesmente executou sem tomar conhecimento de todo o processamento da informação até a resposta, ou seja, aquilo já está AUTOMATIZADO!!!!

Dessa forma, isso só e possível devido à progressiva ´´libertação´´ dos recursos mentais. Isto é, o fato de necessitarmos de pouco ou nenhum exame consciente consituiu uma grande vantagem no desempenho rápido e eficaz dessas ações, uma vez que aquela ação será automática, liberando atenção e tempo para perceber outras coisas.

Mas então, para que serve a consciência, ou em outras palavras aquele aprendizado ´´formal´´????

Segundo alguns autores, a consciência serve para aumentar o alcance da mente. A consciência permite que o jogador descubra se a estratégia está correta, permitindo corrigi-la.

Então qual é a grande vantagem de tornar os movimentos conscientes em hábitos subsconscientes??

Pesquisas de autores portugueses verificaram que o processamento de informação de atletas inexperientes acontecem de forma sequencial, ou seja, leva-se tempo, e o dos jogadores experientes é em forma de cascata, não necessita que uma etapa acabe para começar outra, é praticamente tudo ao mesmo tempo, e obviamente mais rápido.

Assim tornar uma ação um ´´hábito´´  podem judar o cerébro a lutar contra o tempo, além de ter uma retenção maior dessa informação.

E como tornar os aprendizados formais em ações hábituais?

O primeiro de tudo é REPETIR, REPETIR, REPETIR e quando cansar REPETIR mais um pouco….

Mas só isso não é suficiente!!!!!!

Somente explicar o que deseja na prancheta, ou mexer imãs não vão fazer seus atletas a executarem de forma eficiente o que você acredita. É necessário que eles aprendam também de forma ´´incidental´´, ou seja, que aprendam por eles mesmos.

Exemplo disso, é quando quero ensinar algum princípio de jogo como o engajamento (que o handebol utiliza e é transferido para outros esportes coletivos de invasão).

O engajamento nada mais é que perceber a compactação da defesa em determinado espaço e o ataque ´´acelerar´´ o jogo para o espaço no qual ela não se encontra.

GRITAR nos treinos para mudar a bola de espaço, acelerar o jogo, etc; não vai faze-los a tomar essa decisão no jogo.

Mas treinar jogando com dois gols, um em cada lado no fundo da quadra pode!!!

Dessa forma, a defesa é ´´obrigada´´ a compactar e o ataque a perceber isso espacialmente e engajar para o outro lado…

Você poupa seus gritos …..e seus atletas futuramente vão achar que tudo isso está partindo deles….é um sinal que já está se tornando ´´hábito´´!!!!

Os gritos serão poupados, mas o treinador é um ´´catalisador´´ positivo desse processo, então corrigir, interferir, elogiar e faze-los refletir sobre suas ações é fundamental para o processo.

 

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Entrevista ´´Pixote´´– ala do Krona/Joinville e da Seleção Brasileira

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Entrevista Alexandre Rodrigues Canha (Pixote)

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Data de nascimento: 26/02/1987

Cidade Natal: Recife-PE

Principais títulos: Sul –Americano sub-20( ano de 2006) Taça Brasil sub 20( ano de 2007) , Copa América (2011) Bi Campeão Copa da China(2010 e 2011), Liga Nacional (2011), Super liga(2012).

Clubes que já jogou: São Caetano Futsal, Minas Tênis Clube, Santos Futsal e Krona/Joinville.

1)Pixote, como acredito ser curiosidade de todos que convivem com você, qual a origem do apelido ´´Pixote´´?Ele tem alguma relação com o futsal? R- Esse apelido veio ainda na minha infância, eu tinha sete anos quando começaram a me chamar de Pixote. Em recife, minha cidade, “pixoto” significa coisa pequena. Então começaram a me chamar de Pixoto e um amigo por brincadeira mudou e começou a chamar de Pixote, hehe. Com isso todos acostumaram a me chamar de Pixote e ficou até hoje.

2) Você apesar de experiente, saiu de casa muito novo em busca do seus sonhos, qual foi sua trajetória até o seu atual clube Joinville/Krona? R- Sai de casa quando tinha dezessete anos, por coincidência o primeiro time que joguei fora da cidade onde nasci e fui criado é a mesmo que estou jogando hoje. Isso aconteceu no ano de 2005, o time se chamava Joinville Futsal, hoje se chama Krona/Joinville. Depois de passar pelo Joinville, fui para São Caetano do Sul no ano de 2006 onde passei um ano. Já no ano de 2007 fui para o Minas Tênis Clube, onde passei quatro temporadas( 4 anos). Em 2011 me transferi para o Santos Futsal onde consegui o título mais importante da minha carreira, fui campeão da Liga Nacional de Futsal. Esse ano de 2012 jogo pela Krona/Joinville.

3)Como nós sabemos, você é pernambucano, e seu estado tem uma forte tradição em ser muito competitivo nas categorias de base (consegue aliar títulos e formação de atletas), você consegue nos explicar o motivo disso? R- Eu acho que Pernambuco é uma grande escola, lá se tem treinadores que tem uma excelente formação com as categorias de base. Juntando essa boa formação de treinadores para a base, com a vontade de crescer dos atletas, isso faz com que os jogadores se destaquem a nível nacional.

4)E por quê após o sub-20 Pernambuco não tem tanta expressão (apesar da equipe do Tigre ter feito boas campanhas nas últimas ´´Superligas´´)? R- Por ser muito forte na categoria de base, Pernambuco perde muitos jogadores novos para os times de mais investimentos, que se concentram entre o sul e sudeste do país. Isso acontece com muita frequência, os jogadores que realmente se destacam, saem cada vez mais cedo do seu estado para poder crescer, tanto financeiramente quanto profissionalmente. Infelizmente no estado de Pernambuco esse investimento para a categoria adulta é muito pouco, os salários são muito baixos e com isso os jogadores tem que ir embora do seu estado.

5)Você já foi treinado por grandes treinadores, podemos citar Ferretti, Perdigão e Marcos Sorato (Pipoca), consegue nos dizer o que eles tem em comum? E existe algo na forma de trabalhar de alguns deles que lhe chamou a atenção? R- No meu ponto de vista são treinadores que tem formas bem diferentes de trabalho. O Perdigão sempre trabalhou com jogadores mais novos, de pouca idade, mas sempre conseguiu fazer com que o seu time se destacasse a nível nacional. Pelo fato de sempre ter pouco investimento e jogadores jovens, sempre conseguiu explorar muito bem a pouca idade dos atletas, com suas formas de treino rápido e estilo de jogo veloz. O Ferreti já é um treinador onde sempre trabalhou em equipes de mais investimentos e consequentemente com jogadores experientes que sempre se destacaram a nível nacional. Pelo fato de ter nas mãos sempre os melhores, o Ferreti tem esse estilo de deixar o jogador escolher o melhor modo de jogar, de treinar, de saber a hora de driblar, de fazer um movimento, de passar. Não tem uma coisa automática, um movimento obrigatório, os jogadores sabem o jeito de jogar pela equipe que vai enfrentar. O Pipoca é um treinador que também sempre tem os melhores na mão, é o treinador da seleção, então vai ter sempre os melhores. Ele tem um estilo de treino bastante dinâmico, com muitos joguinhos, seus treinos só duram 30 min, mas ele consegue fazer com que o atleta nesse pouco tempo de o máximo e o treino tem um rendimento muito bom. São três excelentes treinadores que tive e tenho a oportunidade de trabalhar. Um treino que sempre me chamou a atenção e muitos jogadores não dão tanta importância é o treino de um toque. Já fiz esse trabalho com os três treinadores, mas o único que realmente falou para que serve esse treino foi o Ferreti, onde ele falou: que descobrir se você é um jogador de futsal? Coloca ele para treinar treino de um toque, que você vai descobrir.

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6)O que você acredita que num treino de futsal não pode faltar? R- Eu acho que finalização, é um ponto onde hoje em dia os jogadores estão com mais dificuldade. Não é aquele treino onde só fica chutando e chutando. É fazer as situações que acontecem no jogo, os goleiros estão cada vez maiores, melhores, com mais agilidade. Esta cada dia mais difícil fazer gol, quantas e quantas oportunidades aparecem no jogo e quantas são desperdiçadas. Eu acho que eu todo treino, colocaria um treino de finalização.

7)Você é um atleta muito confiante e transparece isso no seu dia a dia (treino, jogos, etc). Você acredita que isso é um traço da sua personalidade ou você foi durante a sua formação de atleta treinado para isso? R- Eu acho que Isso é um traço da minha personalidade, mas também adquiri isso com o tempo. Sempre fui uma pessoa onde procurei aprender e aprender a lhe dar com essas situações. Eu acho que para chegar a ter essa confiança, você tem que passar primeiro por situações de dificuldade. Tem que se acostumar sempre a estar sobre pressão, seja nas horas em que estiver no topo, ou na hora de recuperação.

8)Você já dividiu a quadra jogando com os maiores jogadores de futsal do mundo, seja jogando ao seu lado ou contra a sua equipe, existe algum ou alguns atletas que você admira e que em determinado momento da sua carreira você se espelhou? R- Graças a Deus já pude jogar do lado dos melhores e sempre tentei de alguma forma tirar proveito disso. Nosso país é muito rico com a bola no pé, cada jogador tem uma característica diferente e assim sempre procurei tirar o melhor de cada um deles. Um jeito de chutar, de driblar, de fazer gol, sempre procurei tirar o que eles tinham de melhor para o meu crescimento. Claro que tenho jogadores que realmente me encantam, o Falcão pelo fato de ser o melhor do mundo e sempre se destacar em decisões, é um cara que sempre gosto de ver jogar. O Valdin, pelo seu estilo de jogo, velocidade e inteligência é um cara que sempre me espelhei e me espelho. E tem outros que também posso falar, que é o caso do Neto, que na função dele é sem dúvida o melhor do mundo e o Lenísio, que se aposentou a pouco tempo, pela inteligência e a facilidade de colocar a bola para dentro. Esses são jogadores que realmente admiro e me espelho.

9)Você mesmo jovem, já vem acumulando alguns títulos e sendo valorizado pelo seu trabalho. Quais são os seus planos para o futuro no aspecto profissional? Acredita que disputará o mundial esse ano? R Quero procurar crescer cada vez mais, conquistar cada vez mais títulos para poder sempre ser um vencedor. No meu ponto de vista, um atleta profissional só é valorizado se ele for acostumado a ganhar, quando se ganha mais valorizado o atleta é. Daqui a alguns anos, penso em ir para a Europa, onde se tem hoje um investimento ainda maior que no Brasil. Em relação ao mundial, ainda não posso falar nada. Ainda faltam alguns meses e tem muita coisa para acontecer ainda, acho que o Pipoca vai convocar quem estiver bem, quem estiver fazendo a diferença no seu clube. A concorrência é grande, temos essa sorte aqui no Brasil, a qualidade dos jogadores é alta, mas vou procurar estar sempre bem em meu clube para poder chegar ao mundial.

10)É muito claro para todos, que a vida de atleta é muito curta, você vem se planejando para o futuro quando parar de jogar? Ou acredita que isso é uma realidade muito distante? R- Infelizmente a carreira de um atleta profissional é muito curta, mas, mesmo sabendo que ainda tenho no mínino uns dez anos de carreira, procuro investir sempre o meu dinheiro para no futuro conseguir ter uma vida estabilizada. Tenho vontade de voltar a estudar, mas infelizmente fica difícil conciliar a vida de atleta com a de estudante. Mas meu intuito, quando estiver encerrando minha carreira, é de voltar a estudar, me formar e ter uma vida profissional fora das quadras. Espero ter muitos anos ainda de carreira, para poder crescer cada vez mais financeiramente e profissionalmente.

 

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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Contra-ataque: A ´´transição´´ para a vitória

 

Estudos realizados por  Silva & Costa (2004) e SIlva et al. (2005) mostraram que o contra-ataque é uma das fases do jogo  de futsal mais eficientes . Esses estudos compararam ações de ataque, contra-ataque e bolas paradas  em campeonatos brasileiros e mundiais das categorias de base (sub-15, sub-17 e sub-20).

Mas o que isso quer dizer???

Que essa fase do jogo foi responsável pelo maior numero de gols assinalados nas competições analisadas.

E pode se inferir sim (aqui com um percepção subjetiva, embasada em alguns estudos que comprovam esses fatos), que o maior numero de gols nos jogos de futsal acontecem em vantagens numericas (porém,  o contra-ataque não depende de vantagem numerica, mas sim de um desequilibrio da defesa adversária).

Então pode-se concluir que essa fase do jogo é a mais importante????

Acredito que não, o jogo de futsal é muito complexo para podermos hierarquizar fases dele.

Pois, para se contra-atacar é preciso ter uma defesa equilibrada e agressiva que vá desarmar e gerar possibilidades dessa transição ofensiva.

Para contra-atacar o ataque deve ser consistente e consciente para que propicie o menos possível essa situação para o adversário. Portanto, é impossível isolar as situações do jogo.

Agora é possível sim, condicionar sua equipe a ser eficiente nessa situação e em contrapartida também minimizar as problabilidades de tomar um gol nessa fase do jogo.

Você tem claro, ou os seus jogadores têm claro como eles devem se comportar nessa situação?

Treinar 2x1, 3x2 ou 4x3 não é suficiente para que condicione um time a decidir jogos nesse tipo de transição ofensiva. Esse tipo de treino  situacional (de estruturas funcionais) é aleatório demais para que algo se torne algo coletivo,  sistematizado!!

Além disso, para que o treino de contra-ataque seja efetivo é necessário uma pressão de tempo, seja a do relógio ou do próprio retorno do adversário (o que as equipes qualificadas obviamente realizam).

Quando se defende um contra-ataque  o goleiro atuará de que forma? O defensores fecham a ala, meio, sobem, descem????

É importante  elaborar princípios nos quais o treinador acredite serem fundamentais para que essa situação cumpra o objetivo dela, que é na pior das hipoteses finalizar ao gol adversário. E além disso, planejar exercícios que concretizem o que foi estabelecido.

E ai, quando se contra-ataca conduz a bola, ou passa a bola, ou depende?

Muitos treinadores acreditam que seja importante fixar o marcador adversário para que essa vantagem se torne ainda maior, mas e quando se joga contra uma defesa na qual o homem mais próximo da bola ´´estoura´´ o contra-ataque. O que fazer?

Outros treinadores acreditam que o passe em velocidade seja fundamental para o contra-ataque. Mas e se esse passe colocar a defesa em equilíbrio, impedindo que a vantagem numérica seja gerada, ou seja, uma possibilidade 3x2 se torna um 2x2.

Não sou defensor de verdades absolutas, mas a forma escolhida deve ser transferida para os atletas, para que o goleiro e defensores atuem todos pensando da mesma forma,  e que ao se ´´desenhar um contra-ataqe cada um saiba para onde ir, e que possibilidades de decisão possuem, o que naturalmente diminuirá as chances de dar errado.

Outro exemplo da importância dessa coletividade se chama Retorno defensivo.

AHHHH!!!!!!  Mas isso é simples, é só correr pra trás!!!!

De forma alguma! Correr só para trás não é suficiente, deve-se correr para trás com qualidade. Retornar por retornar ainda sim dá possibilidade do adversário concluir a situação. Agora correr de forma organizada, de forma coletiva,  sincronizando o retorno com a ´´temporização´´  (os espanhóis usam esse termo) dos defensores pode fazer muita diferença.

O contra-ataque pode sim, trazer muitas vitórias, mas contra-atacar requer além de correr, tomar as decisões certas,  dentro daquilo que foi estabelecido pelo modelo adotado….

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O atestado de óbito de ´´Matvéiv´´

 

Há algum tempo, vem-se falando que para se ter sucesso não só no esporte, mas como na vida é fundamental PLANEJAR.

Referindo ao planejamento nos esportes, esse planejar está intimamente ligado ao PERIODIZAR. Que como afirma Raposo (1989) nada mais é que dividir o treino em períodos particulares de tempo, com objetivos e conteúdos bem determinados. (mas não parece um conceito rígido demais?)

Pensando exatamente dessa forma, ´´Matvéiv´´ elaborou teorias de treinamento esportivo baseando-se em esportes individuais como o atletismo. E se tornou referência no que hoje dizemos PERIODIZAÇÂO CONVENCIONAL (o que sutilmente podemos dizer que é denominada assim por estar fora de uso, mas infelizmente não é  o que vemos a nossa volta). O sucesso dessa teoria fez com que as mesmas ideias fossem transportadas para os esportes coletivos.

E por vários anos se transportou e ainda se transporta exatamente um macrociclo de atleta de natação para um de futsal.

Mas como isso é possível?????

Em várias equipes do mundo, nas mais diversas modalidade esportivas coletivas, vê-se times realizando períodos preparatórios, transições e picos de forma. Sendo que nesses períodos preparatórios realizam-se exercícios gerais e no período competitivo algo mais específico, na qual a principal dimensão analisada é o aspecto FÍSICO!

Não se pode ´´perder tempo´´ com as aspectos gerais, sendo que tudo o que se deve treinar deve ser ESPECÍFICO a forma como a equipe jogará!

Não se pode pensar em ´´picos de forma´´, com um calendário competitivo que exige resultados durante todo o ano (seja competições estaduais, nacionais, internacionais, etc)

Não se pode pensar em volume, sendo que o que pode trazer a vitória são as intensidades das ações realizadas

Não se pode continuar a pensar o JOGO, em toda sua complexidade, colocando atletas para saltar cones, driblar pratos e correr em volta do campo!!!!

Não se pode pensar em aquecimento, realizando mudanças de direções ´´ao vento´´, sendo que esse além de aquecer  pode condicionar princípios

É difícil de acreditar mas, ainda em muitos casos o físico vem ditando toda forma de pensar o jogo coletivo, mesmo tendo-se a convicção que  o jogo é essencialmente TÁTICO!!!!!!!

É necessário avisar ao ´´Matvéiv´´ ou aqueles que o idolatram que a ´´fila andou´´….

E que para jogar bem, é necessário uma nova Teoria dos Jogos Esportivos Coletivos, organizada e teorizada em função da ESPECIFICIDADE ao Modelo de jogo adotado. Para isso a componente principal é  TÁTICA, e desde o primeiro dia ao último a preocupação é condicionar a equipe em função da forma de jogar estabelecida.

E que não se trabalha em função de ´´picos´´ e de sim de estabilizar um rendimento que sempre será em função do próximo jogo, e do próximo e por ai vai….

Castelo (1998) afirma que o se deve fazer desde o primeiro dia é treinar a organização do jogo da equipe, o implica que cada exercício de treino, desde o AQUECIMENTO até a RECUPERAÇÃO, deve servir para o organização do jogo COLETIVO.

Além disso,  o tático não é físico, técnico , psicológico e nem estratégico, mas precisa dos quatro para se manifestar. E dividir o treino ou o ano em períodos é também dividir o tático, o que de certa forma é completamente OBSOLETO…

Portanto, adeus ´´Matvéiv´´….vá em Paz!

quarta-feira, 21 de março de 2012

O que ´´Damásio´´ tem a ver com o esporte??

 

Nos dias de hoje,  a aquisição de conhecimento, seja tático, seja de gestão é muito mais fácil que antigamente. Com a internet e a evolução dos meios de comunicação a informação é disseminada com uma velocidade absurda. Exemplo disso, é que os aspectos táticos do jogos de futsal estão espalhados por todo mundo (revistas, artigos e nas próprias transmissões de tv). É difícil você não perceber algo de novo no jogo, algo que alguém criou e logo todos estão utilizando (e se é bom tem que copiar mesmo!!! Quando me refiro a ´´copiar´´, quero dizer utilizar aquele principio, adequando ao seu modelo de jogo), seja um movimento de ataque, uma organização de goleiro-linha ou até mesmo uma jogada ensaiada.

Mas preocupa-se muito com as novidades táticas e se esquece de buscar informações em como ensinar esses aspectos novos,  em como o atleta processa a nova informação e como ele representa aquilo mentalmente no seu cérebro.

Mas como assim?? Isso faz diferença??? E como faz!!!!!!!!!!

É comum, os treinadores tentarem passar as informações que estudaram para a sua equipe. Naquele momento tudo é muito bem explicado e compreendido, mas na hora de executar….um desastre!!! Será que você os condicionou a solucionar aquele problema, será que quando o atleta buscou resolver aquela situação ela estava na memória para ser recuperada e executada????

Essas são perguntas que deveriam aparecer nas sessões de treino quando algo não sai como esperamos, ou seja, quando a resposta do atleta não condiz com a necessidade daquele momento.

O conceituado  neurocientista português Antônio Damásio publicou alguns estudos afirmando que um aspecto importante relacionada a aprendizagem é a EMOÇÂO, essa palavra aqui descreve o processo do organismo experimentar, sentir, a transformar a ação em imagem mental, tornando-a consciente e transformando em sentimento. Esse processo é fundamental e vai influenciar diretamente as aprendizagens, as tomadas de decisões, nas busca de soluções na memória de determinado problema.

Damásio (2003) ao estudar vários casos de doenças neurológicas proferiu que alguns doentes incapazes de sentir certos sentimentos, eram também incapazes de exprimir as emoções que lhes correspondiam. Isso demonstra que a emoção precede o sentimento, dessa forma, quando algo for lembrado, será resgatado a emoção daquele ação.

De acordo com Oliveira (2006), citando Damásio (1994) num jogo de futebol, cheio de incertezas, o conhecimento somente teórico não é suficiente, sendo fundamental tomar uma decisão, que resultará num resultado positivo ou negativo e que será registrada no nosso corpo pelos ´´marcadores somáticos´´. Oliveira (2006)  refere que esses ´´marcadores somáticos´´ , pela aprendizagem e vivenciarão de experiências são associadas às  suas consequências o que condicionará as futuras tomadas de decisão em cenários semelhantes.

A medida que as decisões forem tomadas, e que as emoções dos resultados dessas estão sendo processadas as imagens mentais estão sendo elaboradas. Essas imagens são criações produzidas pelo cérebro pela interação do organismo com o mundo. Contudo, elas não são criações reais da realidade, mas representações PESSOAIS dessa realidade. E quando for necessário serão resgatadas na memória para solucionar aquele problema que surgiu.

Mas como no esporte tudo é muito dinâmico, todo esse processamento tem que ser muito rápido, o que fica claro que não pode ser realizado racionalmente.

E ai?? Ainda acha que o Sr. Damásio não tem nada a ver com o esporte????

 

Mourinho: A descoberta guiada, (2010). Luís Lourenço

Oliveira , B et al. (2006) Mourinho: Porquê tantas vitórias?

domingo, 4 de março de 2012

A ´´Descoberta guiada´´– mais que uma metodologia, uma forma de liderar!

 

´´Em vez de lhes dizer nós vamos para ali, quero que sejam eles a descobrir esse caminho´´

                                                                                   (Gomes, 2006)

Guilherme Oliveira (2004) refere que só podemos tratar a Especificidade como Específica se houver uma constante relação entre todas as dimensões e os exercícios propostos, em correlação permanente com o Modelo de Jogo. Ela não deve estar, apenas relacionada com a modalidade, mas estar ligada a singularidade da equipe, e estar presente na criação, na organização, na GESTÃO e na operacionalização do processo.

Para entender esse conceito de Especificidade e como alcança-ló no treino, não basta os exercícios propostos serem potencialmente específico, é necessário uma intervenção não só ATIVA, mas INTERATIVA do treinador com o exercício e com os JOGADORES, para que tudo aconteça.

Levando em consideração a ESPECIFICIDADE (essa palavra é tão importante, que não para de aparecer) do que se pretende ensinar e o contexto a que se destina, é fundamental que a gestão do processo seja singular, e é o que a literatura vem chamando de ´´Descoberta Guiada´´.

Ou seja, os jogadores descobrem segundo pistas, a elaboração das situações de treino leva a um determinado caminho. Os jogadores percebem isso, e as discussões (aqui no sentido produtivo da palavra) começam a aparecer, e todos juntos chegam a uma conclusão.

Mas ai, você vai me dizer,que não tem-se tempo para mostrar pistas, guia-lós, etc.

É muito mais fácil MECANIZAR as respostas que desejo!!!

Certo????

ERRADO!!!!!!!

Os automatismos vão sim, diminuir o tempo de aprendizado, mas não respeitarão a lógica interna do jogo de futsal. Além do que como diria os grandes treinadores: ´´Eu não estou jogando vídeo-game e nem combinei nada com o adversário.´´ É preciso fazer a EQUIPE pensar o jogo!!!! E pensar de forma COLETIVA!!!

Em primeiro lugar, a descoberta guiada constitui-se num fator importante, fundamental, nas organizações, pois ela estimula a eficiência MENTAL. Ao discutir, questionar, experimentar, os atletas estarão sendo obrigados a pensar/sentir, e todo raciocínio é permitido, obrigando a eles evoluir por eles mesmos.

Além disso, descobrir por eles mesmos faz com que se envolvam mais, e isso, é o sonho de qualquer  LÍDER!!!!! A descoberta guiada gera esse envolvimento ao trazer as pessoas para o centro da discussão, ao faze-las participar do seu próprio futuro, ao descobrir um caminho que vai se percorrer em grupo, pois serão chamados para tomar as decisões e opinar sobre a forma mais eficaz de desempenhar a sua tarefa.

O paragrafo anterior é bem exemplificado por Luís Lourenço, descrevendo a maneira como Mourinho liderava no FC Porto.

´´ Os jogadores gostam de se sentir importantes. E quando não lhes dão importância, mais cedo ou mais tarde haverá problemas. Com Mourinho eles se sentiam importantes porque guia-los envolviam os atletas no processo, mas era um envolvimento global, desde os chamados craques aos garotos que tinham acabado de subir do júnior.´´

Esse tipo de metodologia possibilita ainda, um ambiente de confiança, sem a confiança dos seus jogadores, você não será reconhecido como líder e nem conseguirá extrair algo de extraordinário deles. Ao confiar no que estão executando, faço com que confiem em mim. Pois é fácil entender que quanto mais envolvido as pessoas estão num projeto, maior será a dedicação e consequentemente os resultados serão melhores…..

Mas  o fato de se construir tudo junto com sua equipe não isenta o TREINADOR da sua responsabilidade.

Para que tudo isso realmente aconteça, é importantíssimo PLANEJAR e RE-PLANEJAR os exercícios, os microciclos e a temporada e assumir as decisões tomadas sejam elas estratégicas ou táticas….pois você é o ´´LÍDER´´!!!!!

 

´´A descoberta consiste em ver o que todos viram e em pensar o que ninguém pensou´´

                                                                                                    (Lourenço, 2006)

 

A ´´ descoberta guiada´´ como processo de transmissão das idéias de jogo para a concretização do jogar. Monografia  de licenciatura. Universidade do Porto. 2006

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A ´´Propensão´´ ao sucesso!!!!

 

 

No meio competitivo a palavra ´´sucesso´´ está intimamente  ligada a vitórias, ou títulos, que são consequências dessas. Mas essa relação é desprezível, o ´´sucesso´´ de uma equipe vai além disso, é preciso ser menos superficial e avaliar o que está por trás dos resultados. É preciso se estudar mais, ter conhecimento para criticar, demitir, contratar, etc.

Quem não conhece casos de profissionais que  após duas derrotas seguidas são questionados e muitas vezes sustituídos???

E não estou aqui afirmando que o importante não é vencer. CLARO QUE É!!!! Trabalha-se pra isso, abre-se mão de várias coisas em função desses disputados ´´três pontos´´.E só se é  reconhecido (treinadores ou atletas) caso se conquiste títulos de expressão (e isso é tão contraditório que ganhando um título importante tudo que você passa a fazer se torna correto e eficiente, e muitas vezes está longe de ser….)

Mas um coisa que naturalmente vai fazer as vitórias aparecerem chama-se ´´TRABALHO´´, o que por muitos não é levado em consideração. E na frase acima está bem claro, ´´VAI FAZER APARECER´´, mas não é mágica, é preciso muito suor, sacrificio e QUALIDADE DO TREINO!

Em outros posts desse Blog falou-se que treinar é condicionar comportamentos, e condicionar é fazer com que o atleta resolva os problemas do jogo seguindo uma lógica (MODELO DO JOGO), sabendo exatamente os ´´porquês´´ daqueles comportamentos, e isso LEVA TEMPO!!!!!

O que nós treinadores podemos fazer é OTIMIZAR ESSE TEMPO!

Nas sessões de treinamento o que se deseja condicionar no atleta tem que aparecer com uma certa frequência, o que é denominado na literatura como Princípio Metodológico das Propensões. A idéia de propensão tem a ver com o fato de ser mais propício ou provável a ocorrência de determinado acontecimento. Modela-se os contextos para que estes, não perdendo sua natureza aberta, sejam facilitadores e catalisadores dos propósitos desejados. Esse princípio permite que o caos seja de fato determinístico.

Ou seja, se desejo condicionar na minha equipe um princípio defensivo, nos exercícios PLANEJADOS aquele princípio TEM que aparecer com uma certa densidade, caso contrário, estarei perdendo tempo, eu e meus atletas. Para ser mais claro, em 30 minutos de atividade se o que você deseja treinar apareceu somente 2 vezes, o exercício proposto não está cumprindo o objetivo , ou pior,  o comportamentos dos seus jogadores se tornarão completamente ao acaso, sem lógica alguma! Dessa forma, você não terá o que cobrar do seu time, pois todas as ações estarão aleatórias…..

Mas lembre-se que as atividades elobaradas devem manter a complexidade do jogo, independente das mudanças que se façam no espaço a ser usado, regras, número de jogadores. O que foi proposto deve respeitar a FRACTALIDADE. Cunha & Silva (1996) afirmam que os fractais são figuras geométricas igualmente complexas nos seus detalhes e na sua forma geral. Isto é, se um pedaço do fractal for devidamente aumentado para se tornar do mesmo tamanho do todo, deveria aparecer-se com o todo, ainda que com pequenas variações.

Além disso, não é somente os exercícios bem planejados e que cumpram os objetivos que irão condicionar.  Não é suficiente só planejar as atividades  e durante a execução  dos atetas estar sentado a conversar ou executar outra tarefa, o TREINADOR é o principal catalisador do processo de aprendizagem!! INTERVIR é fundamental (os ´´feedbacks´´ são muito importantes nesse processo).

Portanto, a ´´propensão´´ ao sucesso é fazer com o  que o que  você deseja treinar apareça nas sessões de treino diariamente com uma densidade alta (o maior número de vezes possível), e CORRIGIR, ELOGIAR, MOTIVAR, E ATÈ MESMO GRITAR!!

E além disso tudo ter PACIÊNCIA!

 

 

 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Agassi x Nadal

Há quase um ano comecei a jogar tênis, e a prática desse esporte vem contribuindo para lidar melhor com algumas situações. No tênis, qualquer erro cometido deve ser esquecido imediatamente,  o jogo não te permite  lamentar um equívoco. Você deve ser estar concentrado no próximo ponto, e no próximo….é ele que pode fazer toda diferença, para esse esporte vale o clichê  ´´o que já foi não volta mais´´. Caso você não consiga superar uma falha, o braço endurece, e um dos requisitos básicos do jogo que é ´´olhar para a bolinha´´  ao executar a técnica  não é realizado…….o olhar fica no horizonte, e a bolinha nas alturas, isso quando ela não pega no cabo da raquete!
Situação essa que é vivida em outros esportes, seja como atleta, seja como treinador. Em relação a esse último estamos tomando decisões a todo momento, antes da partida, durante a partida e nas infinitas noites sem dormir após elas. Pensamos na estratégia a utilizar, nas substituições a fazer, etc. E fazemos essas escolhas baseados nos treinos, videos, números  que nos mostram as  probabilidades de nossas ações darem certo (estamos lindando com estatísticas o tempo todo durante o jogo), mas mesmo respaldados por várias coisas essas decisões podem não dar resultado (lembram que os esportes coletivos são imprevisiveis) e se crucificar e remoer os erros pode ser fatal para a próxima ação sua ou do seu atleta.
Refletindo sobre essas questões do tênis que a todo  momento transfiro para a realidade vivida pelos  treinadores,  venho  me interessando pela modalidade cada vez mais e comecei a ler  sobre ela. Além dos livros que explicam a técnica, me interessei pelas grandes personalidades e li algumas biografias, dentre elas: ´´RAFA – a minha história´´, livro que conta a trajetória do tenista Rafael Nadal  e ´´AGASSI – autobiografia´´, do já aposentado tenista André Agassi. E algumas coisas desses dois que fizeram história no tênis são no mínimo intrigantes.
AgassiNadal


É indiscutível que ambos foram jogadores vitoriosos,  batendo recordes em número de Grande Slams vencidos. Mas enquanto Nadal em toda sua carreira teve o ´´apoio familiar´´ (requisito fundamental descrito na literatura no processo de ´´expertise´´), Agassi sofreu com a pressão e personalidade do pai.
A estrutura familiar que Rafael afirma ser o seu grande diferencial, sendo que seu ´´Tio Tony´´ é seu treinador até hoje e foi quem o treinou durante toda a vida, não é vista na trajetória de Agassi, que na infância e adolescência teve várias brigas com o pai e com o irmão, que também jogou tênis um tempo (irmão esse que depois se tornou um grande amigo, porém a relação com o pai só piorou no decorrer dos anos).
O ´´Porto seguro´´ de Nadal, foi na verdade o descompasso de Agassi, que se revelou rebelde durante algum tempo, muito em virtude do seu pai transferir toda a frustação que teve no esporte para uma criança, que desde pequeno cresceu escutando que teria que ser o número 1 do mundo. E não é que foi!!!!!
Outro item, que sabe-se ser fundamental na consolidação de um ´´expert´´ é a ´´prática deliberada´´. Prática essa que consiste em atividades estruturadas que objetivam a contínua evolução do desempenho, ou seja um processo de treino planejado e organizado por um mentor (Samulsky, 2002).
E ambos tiveram???
Pode-se dizer que sim, mas enquanto André considerava que o seu maior inimigo era a máquina que cuspia bolas de tênis que seu pai criou, Rafael amava treinar, e por algum tempo até futebol jogou, diversificou!

Nadal  experimentou, praticou outros esportes, não se especializou precocemente, enquanto Agassi não fez outra coisa, o que acabou fazendo com que odiasse o que  o tornou famoso e rico.
Agassi não seguiu a lógica, a relação humanista que o  mentor tem com seu pupilo na preparação e no estabelecimento das metas não aparece na sua carreira. O que se vê é sua ´´briga mental´´ em tentar realmente se compreender enquanto indivíduo, e depois como tenista. André Agassi, mesmo perturbado pela sua infância traumática, conseguiu suportar toda pressão e para susto ou orgulho do seu pai foi durante um bom tempo um numero 1 do mundo.
Nadal, em contrapartida,  é o exemplo a ser seguido, teve em todo os momentos tudo que um alteta com potencial  precisa para ser tornar um ´´expert´´, e mesmo não sendo tecnicamente nem próximo dos melhores, possui ainda sim um algo a mais, que é demonstrado nos choros nos vestiários após suas derrotas, na sua atuação aos 17 anos representando a Espanha na Copa Davis,  ganhando de RODDICK e nas bolas ´´perdidas´´ que alcança!
Apesar de histórias muito diferentes possuem algo em comum, acredito que ambos não teriam alcançado o nível que estão se não tivessem rivais que forçassem a evoluir sempre. Agassi fez confrontos históricos contra ´´Pete Sampras´´ e mais recente Nadal decidiu inúmeros títulos contra  ´´Roger Federer´´
Analisando a trajetória dos dois, fica dificil avalia-los isoladamente, decidir qual foi o melhor….
Não é mesmo???!!!!





domingo, 15 de janeiro de 2012

Futebol de rua, a ´´nova´´ forma de se ensinar o jogo

 

´´ A bola não tem material nem tamanho certo; na sua ausência procura-se algo que se lhe assemelhe. Sem coletes, caneleiras e muitas vezes descalços, nada os impede de jogar. Os campos, esses não são difíceis de delimitar, bastando quatro pedras para assinalar as balizas. O terreno é deveras irregular, nada que incomode, beneficiando até os melhores. As regras são estabelecidas no momento e face ás circunstâncias, não há horas nem número de jogadores para iniciar o jogo e muito menos para terminar, a noite cai mas nada os demove, pois o prazer pelo jogo é mais forte que tudo o resto.´´ (Garganta & Fonseca, 2006).

A passagem acima ilustra bem como antigamente, a maioria dos jogadores profissionais se formavam no futebol. A ´´rua´´ foi palco de vários artistas que surgiram para o ´´mundo da bola´´. Antigamente??? Sim, é claro e notório que com o crescimento e desenvolvimento das grandes cidades por inúmeros motivos (entre eles a violência) essa prática foi desaparecendo ao longo do tempo, e com ela a melhor escola para se aprender a ´´jogar´´ (englobando toda complexidade desse conceito).

Como nessa passagem que Jorge Valdano (2002) afirma: ´´A tecnologia de ponta do Futebol é a rua e a miséria. Numa partida improvisada de imediato alguém inventa algo. No meio desse combate de pés descalços, um jogador que possa não ser muito alto, nem muito forte, nem muito rápido, soluciona um problema de forma original. Com uma recepção e um toque três adversários são ultrapassados. O jogador não usa o catálogo de soluções conhecidas, cria.´´

Então para se jogar futebol, tem que ser pobre??? De forma alguma, porém os menos favorecidos são os que experimentam mais, são eles que frequentemente jogam descalços, em campos irregulares e com bolas de meia o que é fundamental para o processo de aprendizagem do jogo, pois tudo isso aumenta a variabilidade das ações, condicionando a se adaptar o tempo todo, o que gera padrões flexíveis de movimento. Tudo isso fundamental para a formação de um JOGADOR.

´´Conduzir a bola descalço, sem torcer o pé num daqueles buracos , já seria uma façanha. Driblar perto da ribanceira sem deixar a bola escorrer por ela, a façanha ainda era maior. Garrincha praticava as duas proezas com a maior das facilidades. No primeiro caso, porque de tanto ´´topar´´ com os buracos, aprendera a dribá-los junto com o adversário; no segundo, porque detestava ter de descer a pirambeira para ir buscar a bola – onde tentava não perde-la.´´ (Castro, 1995)

Os com poder aquisitivo mais alto jogam também, mas ou no ´´vídeo game´´ ou então pagam para ´´driblar cones´´.
Aí aparece a grande importância das ´´escolas de futebol´´, e essa importância não está em colocar os ´´futuros campeões´´ para driblar adversários estáticos, mas sim em reproduzir aquela realidade da ´´rua´´ que infelizmente não conseguimos mais ver a nossa volta.

Reproduzir aqui seria, criar contextos semelhantes, mas mantendo o ´´coração e alma do jogo´´.
A tarefa de quem assume a responsabilidade de ensinar é muito difícil, pois primeiro busca-se a essência do ensino, que nessa realidade era o que rua proporcionava, e depois tenta-se reproduzi-la numa outra realidade, a aula, na qual o muro que se faziam infinitas tabelas, passa a ser coringas nas laterais, que as traves que era tijolos ou pedras passam a ser ´´discos´´ que delimitam o mesmo espaço, e as regras que geravam discussões e brigas, são combinadas e construídas juntas. E a quantidade de prática que hoje são duas horas semanais, eram oito diárias. Na verdade não é tão difícil assim, é preciso só um algo mais....

Esse algo a mais irá fazer com que o aluno tome goste por aquilo, se divirta, ai a quantidade de horas praticadas não será um problema...
 
As passagens foram tiradas do livro: ´´ Futebo de rua – um beco com saída´´
(Fonseca & Garganta, 2006)

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Modelo de jogo, um bom começo para a temporada

 

´´ O êxito no futebol tem mil receitas. O treinador deve crer numa, e com ela seduzir os seus jogadores.´´    (Valdano,1998)

 

A frase acima não deixa dúvida, no esporte não existe verdade absoluta, acredito que não seja só no esporte, mas aqui é o que nos interessa. Há muito venho editando e analisando vários jogos de futsal das principais competições nacionais, buscando entender a ´´essência´´ de cada equipe, na verdade não só das ações dos jogadores, mas do que está por trás disso. E o que está por trás disso???

O que o treinador acredita! (Na verdade não edito a Equipe, e sim o Treinador)

Essa foi a resposta mais rápida que passou pela minha cabeça. Se a concepção de ´´treinar´´ é condicionar comportamentos, nada mais certo que se um treinador acreditar em algo, ele irá condicionar seus atletas a agirem daquela forma. (assunto abordado no ´´post – Treinando princípios e não exercícios´´).

E inevitalmente, o treinador tendo ou não consciência disso, ele tem um ´´Modelo de jogo´´.  Segundo Moigne (1990), se se pretende dar forma a um fenômeno complexo, deve-se modela-ló . O mesmo autor afirma que um modelo serve para tornar inteligível e entendível algo que é complexo, e nada como a complexidade dos jogos esportivos coletivos para despertarem a necessidade de elaboração de um modelo. Ou seja, o treinador tem um conjunto de idéias relativas ao jogar que pretende, e isso irá orientar todo processo de treino.

Levando isso em consideração, o modelo de jogo é imprescindível na construção de uma equipe, uma vez que ele orientará tudo. Além disso, será um ´´guia´´, um referencial, principalmente nos momentos que os resultados não aparecerem e que a pressão por todos os lados aumentar. Ele permitirá que a comunicação motriz dos jogadores esteja sem ´´ruído´´  algum, mesmo no momentos mais difíceis.

 

´´Formar uma equipe é como criar um estilo, uma atmosfera. Trata-se, acima de tudo, de dar alma a um conjunto de onze futebolistas.´´

(Lobo, 2003)

Mas, essa idéia comum de jogo deve ser embasada por Princípios, e esses devem ter sustentação de sub-princípios que não surgirão da noite para o dia.Para se ter um ataque consistente, uma defesa que desarma  e um contra-ataque eficiente será  preciso experimentar, tentar, errar, estudar….

E com o tempo você vai acreditando no que você está fazendo, e seus jogadores começam a acreditar em você, até o ponto que eles acham que foram eles os criadores de tudo!

Caso isso aconteça, perfeito!!!! É sinal que realmente eles estão bem treinados naquilo que você delimitou como seu ´´modelo de jogo´´.

Na verdade, todo esse processo é construído em conjunto, pois lembre-se que seus princípios devem ser ESPECÍFICOS ao perfil de jogadores daquela temporada.

 

´´Não adotamos um modelo de jogo, nós criamos um modelo de jogo.

(Oliveira, 2004)

 

Além de serem específicos ao perfil de jogadores, também devem ser específicos a ´´cultura´´  do clube  e a estrutura do clube. Não  adiantará você ter uma equipe com pouca qualidade técnica e querer ter um ataque consistente, a definição do modelo envolve também o conhecimento do treinador para tomar decisões naquele momento e também o conhecimento da modalidade.

Mas, cuidado!!! Será que a criação de um modelo de jogo não tornará

sua equipe previsível???

No treino tem que existir espaço para a individualidade, para a inovação (situações muitas vezes difíceis para os treinadores perfeccionistas como eu , que desejam controlar tudo!!!), pois são elas que desequilibrarão uma partida.

Caso contrário uma edição de vídeo numa preleção antes do jogo  pode interferir no resultado….

 

´´O futebol é uma combinação de organização coletiva, mas de exaltação da capacidade individual.´´

(Valdano, 1998)

 

 

Citações foram tiradas do estudo:

(Batista, 2006) Organização defensiva: Congruência entre os princípios, sub-princípios e sub-sub-princípios de jogos definidos pelo treinador e sua operacionalização. Monografia de licenciatura em Desporto e Educação física, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.